Sinopse: Um jovem em busca de uma figura paterna encontra em um cavador de poços um afeto imprevisto. Contudo, o desejo e o medo do desconhecido fazem com que o protagonista Cem Çelik tome uma atitude completamente inesperada que mudará para sempre o rumo de sua vida. Com rara habilidade narrativa, Orhan Pamuk constrói mais um romance memorável sobre as relações humanas e o poder que pequenas decisões exercem em nossa trajetória.
A TAG Curadoria trouxe em janeiro uma indicação do escritor amazonense Milton Hatoum. A Mulher Ruiva é do escritor Orhan Pamuk, que levou cerca de trinta anos para escrever a história. O mimo da caixa foi um planner - o mesmo da caixa de inéditos -, um programa para ler um livro em 21 dias e, como assino as duas caixas, um botton de uma das escritoras presente no planner.
Àquela altura eu já aprendera que esses pensamentos nos vêm às vezes em forma de palavras, às vezes de imagens.
Cem Çelik sonhava em ser escritor, só que pelas circunstâncias da vida, virou geólogo e assim montou a base de sua vida, uma vida cheia de mágoas e culpas, mas também de amores e curiosidade.
Aos quinze anos mora com os pais em Istambul, e toda noite leva o jantar para o pai, que é envolvido com manifestações políticas. Um dia o pai não retorna para casa, em um primeiro momento a mãe chora, imaginando que o marido tenha sido preso. Mas depois ela adota uma postura resignada, fazendo o adolescente desconfiar que o motivo era outro.
Talvez por estar conseguindo ganhar a vida assim, como o homem da casa, agora que meu pai se fora.
Com a situação financeira debilitada, o jovem rapaz acaba arrumando um emprego em uma livraria, mas ao terminar o ano escolar, eles se mudam para a casa de um tio, em Gebze. É lá que ele irá conhecer Mahmut, um mestre em escavar poços.
Quando ele recebe uma oferta generosa para ser assistente dele na escavação de um poço na cidade de Öngören, ele não pensa duas vezes em aceitar. No local ele aprende sobre cavar poços, escuta histórias antigas e descobre o amor ao se apaixonar por uma mulher de cabelos vermelhos.
Deus todo-poderoso fez as noites de verão estreladas para nos lembrar de quantas pessoas e vidas havia no mundo.
Enquanto a água não jorra, Cem vive com sentimentos conflituosos em relação a Mahmut, em alguns momentos sente uma afeição de filho, como se transferisse a falta que sente do seu pai para aquele homem, e da mesma forma surge o ódio.
Sentimentos que ele carregara para toda vida, junto com o seu comportamento após vivenciar uma sequência de fatos que irão lhe mudar os caminhos até então desejados.
Eu iria contemplar todas as imagens e emoções que não conseguia exprimir e traduzir em palavras.
Narrado em primeira pessoa e traduzido da versão inglesa, A Mulher Ruiva é sobre o abandono de um filho, citando diversamente a história Édipo e de Shahnameh, que tratam de parricídio e filicídio, esta falta da figura paterna em comum nas duas histórias levam a fatalidade de matar o pai ou o filho que desconhece.
Já na história de Orhan Pamuk temos um poço profundo de questionamentos, saudades, carência, mágoas, raivas e o peso que apenas os filhos que não são amados do jeito que mereciam por seus pais carregam.
Mas foi por ter crescido sem ele todos aqueles anos, cuidando de minha própria vida, que me tornei "eu mesmo".
Eu gostei muito do livro, a única coisa que me incomodou um pouco foi a parte final, ao qual acabei criando uma implicância com a Mulher Ruiva, mas nem isso invalidou a minha leitura.
Para os leitores que foram criados com amor, é a possibilidade de ver o grande vazio que a falta de um dos genitores faz, mesmo na vida adulta. Para os leitores que já passaram por isso, pode ser a reabertura de velhas feridas, ao mesmo tempo a possibilidade de fazer bem diferente com os próprios filhos.
A Mulher Ruiva
Kirmizi Saçli Kadin / The Red-Haired Woman
Orhan Pamuk
Tradução: Luciano Vieira Machado
TAG - Companhia das Letras
2016 - 294 páginas
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