terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O Enigma do Quarto 622



Sinopse: Certa noite de dezembro, um assassinato ocorre no sofisticado hotel Palace de Verbier, nos Alpes Suíços. O criminoso escapa da cena e a investigação policial jamais é concluída. Alguns anos depois, em 2018, um escritor em férias hospeda-se no hotel e, ao chegar no sexto andar, repara a estranha numeração do quarto vizinho ao seu: 621 bis, a nova nomenclatura do então estigmatizado 622. A descoberta de que ali acontecera um crime, é claro, leva-o a mergulhar de cabeça na resolução do caso.

O clube de livros intrínsecos fechou o ano de 2020 com o envolvente e misterioso O Enigma do Quarto 622 do escritor suíço Joël Dicker. Como mimo recebi um livro extra: Em Águas Profundas da autora Patricia Highsmith.

A história começa em 2018 com Joël recordando como conheceu o seu editor Bernard de Fallois, que havia falecido recentemente. O impacto da morte de um homem tão importante afeta não só o seu dia-a-dia como um relacionamento recente. No auge de toda a confusão, ele decide ir até o Palace de Verbier, um dos lugares favoritos de Bernard.


Aquela estada era para ser uma bem-vinda pausa depois de dois pequenos cataclismos pessoais ocorridos na minha vida.


No hotel ele estranha o fato de não haver um quarto com o número 622 e sim o 621 bis. Mas a busca para saber o que aconteceu só começa quando ele conhece Scarlett, uma bela mulher que está hospedada justamente no curioso quarto e é sua vizinha de sacada.

Com a justificativa que o mistério pode gerar um bom romance, Scarlett convence Joël a procurar pessoas que conheçam  a história, e conforme o fio é puxado, novas informações vêm para a superfície. 


E qual não foi a minha surpresa ao constatar que a ordem era a seguinte: 620, 621, 621 bis, 623!


É neste momento que entra uma segunda história, alguns anos antes o banco suíço Ebezner estava sem presidente e uma festa, justamente no Palace, iria anunciar o novo escolhido. Sete dias antes do assassinato no quarto 622 conhecemos o que deveria ser o herdeiro direto, Macaire, realizando uma missão para o serviço secreto suíço.

Logo os demais personagens aparecem, como o inteligente Lev Levovitch que foi adotado profissionalmente pelo falecido pai de Macaire e possui uma carreira brilhante e a bela Anastasia. Conforme Scarlett e Joël vão se aprofundando em sua investigação, o passado de cada um é revelado, levando o leitor a montar junto com os dois um quebra-cabeça que não foi decifrado até o momento.


Nos meses que antecederam o assassinato, a sucessão da presidência do Banco Ebezner constituíra uma pequena novela que tinha fascinado Genebra.


Utilizando do método Mise en abyme, isto é, uma história dentro de outra história, a narrativa, que mistura primeira e terceira pessoa, exige atenção do leitor. Os detalhes estão espalhados pelas páginas, e os mais distraídos podem realmente se surpreenderem com o final da história. 

O mistério aqui é bem construído, embora eu particularmente não tenha achado imprevisível, Sim, eu descobri facilmente quem era o assassino da história, mas isso não tornou o desenrolar menos interessante, muito pelo contrário, adorei a forma como fui levada de uma cena a outra.


O homem que estava diante de mim e pronunciara esta frase tinha o porte de um general: elegante, senhorial, olhos alertas. A lenda do Mundo editorial francês: Bernard de Fallois.


Outro ponto que me encantou no livro foi a homenagem de Joël ao seu editor, pois sim, a história toda é cheia de referências e carinho por este homem que foi tão importante na vida do escritor, e eu me senti tão próxima de Bernard que finalizei a leitura compartilhando parte desta tristeza por sua morte. E apesar de Joël afirmar que não é ele que está no livro, e que ele apenas deu o seu nome com ao personagem, na homenagem várias referências são inevitavelmente pessoais.

O que não curti nesta edição foi a falta de cuidado, muitas falhas de revisão e impressão, sendo que as duas páginas disponibilizadas on-line não compensam todas as outras com letras apagadas. E estes dois pontos em alguns momentos chegaram a estragar a leitura.

No geral, recomendo sim a leitura, nesta Matrioska literária, o leitor irá encontrar a relação escritor-escrita, escritor-editor, escritor-inspiração, mistério, suspense, articulações, segredos, amores proibidos e uma amizade eternizada em páginas.


O Enigma do Quarto 622
L'énigme de la chambre 622
Joël Dicker
Tradução: Carolina Selvatici e Dorothée de Bruchard
Intrínseca
2020 - 526 páginas


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