Sinopse: México, 1925: Frida quer se tornar médica, mas um terrível acidente põe fim a seu sonho. Anos mais tarde, ela se apaixona pelo grande sedutor e pintor Diego Rivera e ao lado dele mergulha de vez no cobiçado mundo das artes. Sempre assombrada por problemas de saúde e sabendo que sua felicidade poderia ser passageira, Frida se entrega à vida e descobre como trilhar o próprio caminho. Com suas roupas de cores vibrantes e postura transgressora, a artista cria uma aura particular e se torna uma das pintoras mais cultuadas de nossos tempos.
Para iniciar o ano de 2021, o livro escolhido pela TAG Inéditos para o mês de janeiro foi uma ficção baseada na vida da famosa pintora Frida Kahlo. Sob o pseudônimo de Caroline Bernard, a escritora Tania Schlie uniu o que conhecia da história desta mulher forte com o que ela imaginava . O brinde foi um planner, tendo como capa importantes escritoras femininas.
Juntas, as duas Fridas que ela unia em si conseguiam sobreviver a tudo que viesse pela frente.
Logo de início conhecemos uma Frida menina, extremamente agitada, cheia de energia e com um sorriso no rosto. Nem mesmo a paralisia infantil consegue limitar o seu ímpeto. Logo em seguida vem o acidente, seguido da dor que a acompanharia pelo restante da vida, da decepção pelo jovem amor e do seu encontro com a arte.
Sua recuperação, que nunca será completa, é extremamente lenta, consumindo a sua paciência e as finanças de sua família. Pintar é o que a distraí, sendo uma forma de expressar como ela se sente . Ao voltar a andar, seu antigo grupo de amigos já possuem uma realidade diferente da sua, e uma manifestação encontrada ao acaso a leva a se filiar no Partido Comunista e aos braços do pintor Diego Rivera.
A vida é bela demais, colorida demais para ser apenas suportada. Quero apreciá-la, quero sentir alegria e amor!
O relacionamento de Frida e Diego lembra uma montanha russa, altos e baixos que ao mesmo tempo beneficiam e prejudicam a arte de Frida. Beneficiam pela força de seus quadros quando ela se sente uma figurante do marido, quando sofre as maiores traições, quando se sente sozinha. Prejudicam quando ela é apenas uma sombra de Diego, seguindo e mantendo todos os seus quadros em casa, sendo apenas a sua esposa e não a grande artística que deve ser reconhecida.
A personagem Frida é uma mulher forte, que se utiliza de cores, falas fortes e uma presença de espírito para disfarçar os seus complexos. Alguém que tem amor e saudade da sua terra natal quando se afasta, alguém que dá amor com facilidade, e que não cansa de levantar a cada queda.
Estarão unidos no amor e no afeto como o sol e a lua, mas em algum momento o ódio estará presente.
Eu nunca li nenhuma biografia da Frida, e sim, como o livro é uma ficção, desperta a curiosidade em saber mais da artista para descobrir o que levou a escritora a imaginar esta vida para ela, o que está próximo da realidade e o que é uma licença poética.
A narrativa é em terceira pessoa, sendo uma história que ocorre de maneira linear, onde o leitor acompanha da juventude até um ano antes de sua morte. Sim, Frida morreu jovem, aos 47 anos de idade sua sequência de perdas sugou suas forças, e infelizmente durante a sua nova fase, quando deixou de ser a Sra. Rivera para ser Frida Kahlo.
Serei fiel a mim mesma, à minha verdade, pois é melhor saber a verdade, mesmo que doa, do que mentir para si.
O livro pode desagradar um público mais exigente por girar em torno da relação tóxica de Frida e Diego, um amor que exige submissão da parte feminina de uma figura que se caracteriza justamente por ser um símbolo do feminismo. Como toda mulher, ela é complexa, tendo em suas atitudes uma mistura de tradicional e modernidade.
A verdade é que a personagem Frida é muito humana, como talvez tenha sido a da vida real, e vive o amor com toda a intensidade e sofrimento que ele lhe exige, uma entrega que pode parecer doentia, mas é somente dela. E ao amar como nunca, ela tornou o sentimento sua força e ao mesmo tempo a sua fraqueza.
O que acontecia com mulheres que não tinham marido, dinheiro nem perspectiva de trabalho?
No final, a autora lista as referências biográficas por ela utilizados, além de citar a sua visita a Casa Azul, casa onde Frida nasceu e morreu, e hoje é um museu dedicado a pintora. Lugar que já deixei marcado como visita obrigatória quando tiver a oportunidade de conhecer o México.
Um livro interessante, que traz para quem desconhecia a obra da artista o seu olhar, possibilitando compreender um pouco mais dos sentimentos que pulsão na tela em forma de cor. Frida personagem e Frida real eram as próprias cores.
Frida Kahlo e as cores da vida
Frida Kahlo und die Farben des Lebens
Caroline Bernard
Tradução: Claudia Abeling
TAG Inéditos - Tordesilhas
2019 - 301 páginas
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