Sinopse: Um evento planejado especialmente para celebrar o amor e a união ao lado de pessoas queridas vira palco de um crime sanguinário. Neste casamento mortal, a noiva é Jules, a elegante e bem-sucedida editora da The Download, uma sofisticada revista on-line de design e lifestyle, criada por ela mesma como um blog dois anos antes; e o noivo é Will, o destemido participante de um reality show de sobrevivência que ilumina a todos com sua beleza resplandecente. A estética do casal é perfeita - as condições do matrimônio, nem tanto.
A edição 029 do clube intrínsecos trouxe em fevereiro o suspense da inglesa Lucy Foley, cuja inspiração veio após ver a ilha irlandesa de Inishbofin combinada com a decepção de sua mãe de ela não ter feito uma festa grandiosa de casamento. O mimo foi um jogo de investigação literária.
Jules é uma mulher que gosta de lançar tendências e ser admirada. São pré-requisitos para suprir as complexidades que a acompanham desde cedo, como a falta de amor dos seus pais, os ciúmes da relação da sua mãe com sua meia-irmã caçula e o fato de ter sido gordinha na adolescência.
É impossível ver onde estão as pessoas ou escutar o que dizem: além das vozes dos convidados, um vendaval começa a uivar.
Will é o noivo perfeito, bonito, carismático, atencioso com os que estão à sua volta. E assim ela não pensa duas vezes em se casar com ele, apesar dos poucos meses de namoro e por consequência de pouco conhece-lo. O sexo é bom, e os dois juntos possuem uma aparência dívida, e isso basta.
Querendo inovar, ela contrata os serviços de Aoife, uma cerimonialista séria e cuidadosa, que ao apresentar um orçamento bastante baixo a convence a fazer o seu casamento na fictícia ilha de Cormorant, um lugar cercado de lendas e desabitado até o momento, onde o retorno financeiro viria por meio de divulgação da sua empresa pela revista de Jules.
Mas não importa o que aconteça, a vida não passa de uma sucessão de dias, dos quais controlamos no máximo um por vez.
O acesso a ilha é feito de barco, e por ali chegam os outros convidados, como Hanna, Olivia e Johnno, que também compartilham suas vozes e pensamentos.
Hanna só está ali por ser esposa de Charlie, padrinho e melhor amigo da noiva. Acostumada com uma vida bem mais simples, o grupo que encontra é muito diferente, as conversas e bebidas trazem à tona não apenas as dúvidas que ela tem sobre o relacionamento do marido com a noiva, mas também em relação a uma perda que ainda lhe é dolorosa.
Mas só depois que eu já tinha começado a meio que odiar aquela garotinha por tudo o que ela nem sabia que tinha.
Falando em dor, temos Olivia, a irmã e madrinha da noiva. Sua postura perdida em pensamentos, assim como os seus olhos, indicam um grande sofrimento, que é ignorado pela irmã egoísta, que não nota os atos de mutilação nem quando vê a irmã sem roupa.
Já Johnno é o padrinho do noivo, amigos desde o tempo que se conheceram em uma escola interna para meninos. Junto com outros ex-colegas, formam um grupo barulhento, de modos nada educados, que invocam antigas brincadeiras que podem ser um tanto assustadoras para os demais.
Porém, olhando essas casas desertas, caindo aos pedaços, com as janelas vazias, é difícil não sentir que coisas ruins aconteceram aqui.
A autora utiliza duas formas narrativas para marcar o tempo dos fatos. Em terceira pessoa abrindo o início da história está o Agora, quando em meio a falta de luz e temporal que atingem a festa de casamento uma pessoa encontra um corpo.
Em primeira pessoa estão os noivos, a cerimonialista e parte dos convidados, em um revezamento da narrativa dos fatos que cobrem da véspera da festa até momentos antes da descoberta de um possível assassinato, o que permite acompanhar a mesma cena por diferentes olhares.
Mas sinto como se alguma coisa rastejasse por toda a minha pele, um milhão de baratas na cama comigo.
Conforme eles vão revelando suas histórias, fica claro que cada um tem os seus próprios fantasmas, e a forma como cada um lida com os acontecimentos passados parece ser potencializado pelo clima misterioso da ilha.
Até a página 200 do livro, confesso que eu literaturei a história, que é recheada de clichês, mas saber se eu havia acertado as circunstâncias, o assassino e o corpo me motivaram a continuar.
Eu diria que falta neles a inocência infantil: mas alguns meninos nunca foram realmente inocentes.
Na etapa final, com capítulos mais curtos e diretos, a narrativa ganha um ritmo rápido, como se quisesse testar o fôlego do leitor, e assim os segredos são revelados, mas o final foi menos impactante do que eu já havia imaginado.
Para quem ficou curioso, acertei quase todas as circunstâncias, acertei a quem pertencia o corpo, mas errei o assassino.
Vale a pena a leitura? Se você curte livros no estilo quebra-cabeça, de leitura rápida, e quer algo leve, tem grandes chances de você gostar e muito de A Lista de Convidados. Se você procura algo que não seja superficial, que os personagens provoquem empatia ou o vilão tenha algo que te faça amar odiá-lo, talvez você acabe compartilhando os meus sentimentos pós leitura.
Mas para ter certeza, só lendo.
A Lista de Convidados
The guest list
Lucy Foley
Tradução: Maria Carmelita Dias
Intrínseca
2020 - 301 páginas
Olá, Tudo bem? Amei o post, e adorei a dica, muito obrigada:)
ResponderExcluirBjs Karina
Boa semana
Eu amei demais sua resenha . Fiquei com vontade de ler
ResponderExcluirpelo post, o livro parece ser bem interessante.
ResponderExcluirOi?
ResponderExcluirEssa resenha me instigou bastante, e acho que daria até para fazer uma adaptação cinematográfica.
Apesar que o filmes muitas vezes não é fiel ao livro