terça-feira, 8 de novembro de 2022

Greenwich Park



Sinopse: Quando Helen chega para a primeira aula do curso pré-natal, espera que seu belo marido arquiteto surja logo depois, seguido por seu charmoso irmão Rory e pela esposa dele - a naturalmente linda, e também grávida, Serena. Mas, por Rachel, Helen não esperava. A extrovertida, impetuosa e inquietante Rachel, prestes a se tornar mãe solo, que só quer ser amiga de Helen. Que só quer se aproximar de Helen, de seus amigos e de sua família. Que só quer saber tudo sobre eles. Cada um de seus segredos.

No mês de junho/2022 recebi pela minha assinatura da TAG Inéditos o livro Greenwich Park da autora inglesa Katherine Faulkner. O mimo foi um marcador de página em formato de pingente.

Helen vive em uma bolha onde idealiza a própria vida. Casada com um arquiteto, mora na casa que foi de seus pais, uma mansão vitoriana próxima ao Greenwich Park, na cidade de Londres.

Mas você precisa saber a verdade, mesmo que, depois de todo esse tempo, ainda se recuse a ouvir.


O marido é sócio do seu irmão Rory, que herdou a empresa de arquitetura de seu pai. Sua cunhada Serena também está grávida, e assim ela imagina que todos gostariam de participar juntos do curso de gestantes. Mas nenhum dos três aparecem, e com todos os demais casais completos, lhe resta como companhia a jovem Raquel, igualmente sozinha no curso, mas expansiva e falante, ela é exatamente o oposto de Helen.

Aos poucos ela vai aparecendo em todos os lugares que Helen está, e em sua solidão, a jovem gestante sem nenhum instinto maternal se torna uma distração que a faz rir e esquecer por alguns momentos os próprios medos.

Eu sei que ele estaria aqui se pudesse, que está arrasado por me deixar na mão. Que essa reunião de última hora foi um simples inconveniente.


Mas o que era divertido se torna mais intenso, e quando Helen pisca, Rachel invadiu não só a sua vida, mas de todos da sua pequena bolha. Só que ao contrário do que você possa imaginar, não estamos falando de um suspense no estilo Stalker, e sim de um quebra-cabeça muito mais complexo do que se imagina no início da leitura.


A escrita de Katherine Faulkner

Logo de cara o leitor se depara com um depois e uma carta ao qual não se identifica a autoria, apenas que ela foi escrita com o desejo de revelar a verdade do remetente e que a destinatária deste desabafo é Helen.

Em seguida retrocedemos no tempo, onde as partes da história são identificadas em semanas, as semanas de gestação de Helen, e alguns finalizam com uma rápida narrativa em terceira pessoa. Nos demais capítulos temos narrativas em primeira pessoa das seguintes personagens: além da própria Helen, contam a história Serena e Katie, esta última é a melhor amiga de Helen e uma espécie de namorada do considerado irmão ovelha negra da mesma.

Tentei marcar encontros, mas de alguma forma eles nunca parecem caber muito bem na agenda das pessoas.


Entre as figuras femininas principais, a única que não é narradora é Rachel, mantendo a sua personalidade e seus reais interesses um verdadeiro mistério para os leitores.

Já na narrativa de Helen a autora, que se inspirou justamente quando realizava um curso pré-natal para escrever sua trama, aborda o lado solitário da maternidade. Os colegas de trabalho que não se interessam em marcar um café, o marido que não tem tempo para acompanha-la no curso. Uma mulher sem nenhuma rede de apoio, sem ter ninguém de confiança para desabafar.

Não sei por que ela insiste em falar disso sem parar, por que parece ter muito mias importância para ela do que para nós.


Além das mudanças físicas que as mulheres passam, o que pode ou não ser consumido - e só quem já engravidou sabe a lista enorme de cuidados neste ponto, incluindo também a questão das perdas gestacionais. 

Mas não pense que só se fala em maternidade não, tem depressão - que não é a pós parto -, pessoas que enganam as outras para viverem de aparências, falta de escrúpulo, a forma como o estupro é lidado quando envolve pessoas de diferentes classes sociais, e traição, porque neste mundo encantado, não poderia faltar este toque com os machos escrotos que compõe a trama.

As pessoas estão ocupadas, ocupadas demais para mim, pelo menos. Já fui esquecida.


Tudo isso junto e misturado em uma escrita fluída e envolvente, que transformam Greenwich Park em um vira páginas.


O que eu achei do livro...

Gostei muito da narrativa da escritora Katherine Faulkner. As peças do quebra-cabeça são bem espalhadas pelos capítulos, não existe informação em vão, sendo necessário para o leitor detetive se manter atento as reações de cada personagem e as situações passadas citadas constantemente por Helen para fazer as conexões e tentar descobrir o mistério antes de chegar ao fim.

Eu particularmente discordo da revista da TAG quando chamam Helen de ingênua. Sim, ela é solitária. Mas também é invejosa. Pois existe um misto de inveja e admiração em relação a Serena, ao qual ela tenta imitar como se assim fosse ter um pouco da luz que ela vislumbra na outra. 

Tudo naquele ambiente está começando a me incomodar: o carpete estampado, horroroso e de má qualidade, as tomadas imundas, o cheiro de mofo, a poeira no parapeito das janelas.


E é isso que a cega, a faz se proteger em uma bolha de perfeição facilmente removível para quem vem de fora. E aqui entra Rachel, a personagem que você não sabe ao longo da narrativa se é ingênua, malandra, golpista ou muito mais do que aparenta ser.

E assim deixo a dica para quem gosta de um bom mistério, um legítimo vira página que irá fazer a sua mente formar diferentes teorias.


Greenwich Park
Katherine Faulkner
Tradução: Marina Vargas
TAG - Record
2021 - 417 páginas

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